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Livia Hasegawa

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quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Gordura saturada

A gordura saturada é um daqueles assuntos da nutrição que já foi de vilão a mocinho. Ainda há uma certa confusão quando falamos deste tipo de assunto, pois por muitos anos ela foi condenadíssima.
A gordura é um nutriente que promove bastante saciedade e ativação do centro de prazer no nosso cérebro. De uma maneira geral, quando há uma redução no consumo de gorduras tendemos a aumentar o consumo de carboidratos, em especial os refinados de alto índice glicêmico, como arroz branco, pão, açúcar, doces, etc. Isso ocorre especialmente por esses alimentos também causarem uma sensação de prazer quando consumidos.
Isto foi o que aconteceu com a indústria de uns anos pra cá. Depois do boom que a gordura fazia mal, começaram a desenvolver produtos light e diet, tendo substituído a gordura natural de alguns alimentos (como o leite integral) por alimentos com menos gorduras e mais carboidratos (como o leite desnatado, por exemplo).
Mas o grande problema de tudo isso é que o aumento do consumo destes carboidratos pode levar ao desenvolvimento da dislipidemia aterogênica associada a resistência à insulina e a obesidade, o que inclui aumento de triglicerídeos, LDL pequenas (que são as mais perigosas) e redução do HDL-colesterol. A grande ingestão de carboidratos ainda estimula a síntese hepática de gordura saturada, ou a chamada síntese de novo. Portanto, não consumir gorduras saturadas e consumir mais carboidratos faz com que seu próprio corpo aumente a produção de gordura saturada endógena (interna) pelo fígado.
Mas afinal, consumir gorduras saturadas faz mal ou não? Não! Isoladamente sabemos que o consumo de gordura saturada não faz mal, obviamente desde que não seja um consumo excessivo (como tudo o que comemos!). A gordura saturada pode atuar como inflamatória em pouquíssimas pessoas devido a um polimorfismo, ou seja, um tipo de alteração genética. Estes sim podem estar susceptíveis a este quadro inflamatório por alguns tipos de gorduras saturadas, mas isso é uma MINORIA! A maioria da população não se encaixa neste quadro.
O problema está nos extremos, ou seja, o excesso do consumo de gordura saturada associada a um quadro inflamatório, com excesso de carboidratos refinados, estilo de vida inadequado, fumo, sedentarismo, etc. Portanto, temos que levar em consideração os efeitos na saúde de toda a dieta, o efeito inflamatório da dieta associado a fatores não dietéticos, em oposição a uma visão limitada em se estudar os nutrientes apenas isolados.
A minha única ressalva é a seguinte: quando falamos do consumo de gordura saturada de origem animal, sabemos que atualmente os animais em geral são alimentados com rações ricas em ômega 6, agrotóxicos e antibióticos. Estes xenobióticos são armazenados na gordura dos animais e acabamos ingerindo os mesmos quando consumimos desta gordura. Os estudos mostram que a concentração alta de xenobióticos no nosso organismo está correlacionada com PCR alta, diabetes tipo 2, incidência de síndrome metabólica e doenças cardiovasculares, ou seja, ser mais “poluído” internamente causa resistência a insulina por dano mitocondrial. Portanto, vale a pena ter cuidado com seu consumo excessivo, justamente por estas questões que hoje fazem parte do nosso dia-a-dia, já que a maioria da população não tem acesso fácil ao animal criado solto, sem estas condições.

Para finalizar: não vale dizer que comer gordura saturada vai te matar e também não vale só comer gordura saturada. Você pode ter o consumo desta gordura dentro de um plano alimentar adequado, anti-inflamatório, mantendo um estilo de vida saudável e sempre consumindo a gordura natural dos alimentos. E viva sua vida feliz! Sem extremismos e radicalismos.

domingo, 1 de dezembro de 2013

Gordura na dieta - Por Drauzio Varela

Gordura na dieta
A relação entre carnes vermelhas, colesterol e doenças cardíacas não é definitiva. Os vilões podem ser os carboidratos
por Drauzio Varella — publicado 27/11/2013 06:33
Arte: Milena Branco
Saúde

"Um ataque cardíaco na próxima semana parece bem menos assustador do que a extinção eterna" Irving 

Gordura na dieta virou pecado capital. Os xiitas da alimentação saudável consideram fraqueza de caráter ir à churrascaria.

A relação entre colesterol, proporção de gordura animal nas refeições e ataques cardíacos foi estabelecida a partir de dois inquéritos epidemiológicos: Seven Cities Study e Framingham Study.

A partir dos anos 1970, os serviços de saúde norte-americanos adotaram a política de reduzir o consumo de gorduras para, no máximo, 30% das calorias diárias, e o de gordura animal (saturada) para 10%, recomendações em seguida adotadas no mundo inteiro.

Nenhum estudo mais recente, no entanto, foi capaz de demonstrar a existência da associação entre o consumo de carne vermelha e o risco de doenças cardiovasculares. Sabemos apenas que as carnes processadas podem aumentar a probabilidade de ataques cardíacos e diabetes, relação causal atribuída à presença de nitratos e de teores exagerados de sódio nesses alimentos.

A guerra à gordura animal teve consequências inesperadas. Nos últimos 30 anos, a população americana reduziu de 40% para 30% a proporção de calorias ingeridas sob a forma de gordura, justamente o período em que se alastrou pelo país a epidemia de obesidade. Como explicar?

Talvez a razão principal seja a de que a retirada da gordura deixe a comida insossa. Para compensar, as refeições ficaram mais ricas em carboidratos e a indústria acrescentou açúcar aos alimentos.

As evidências apontam os açúcares como fatores de risco para a instalação da chamada síndrome metabólica, combinação traiçoeira de hiperglicemia, hipertensão arterial, aumento de triglicérides, diminuição da fração HDL do colesterol e aumento da circunferência abdominal.

Em artigo recém-publicado no British Medical Journal, Aseem Malhotra, do Croydon University Hospital, faz o seguinte comentário: “Hoje, dois terços das pessoas admitidas em hospitais com o diagnóstico de infarto do miocárdio apresentam a síndrome metabólica.

Mas 75% desses pacientes têm níveis de colesterol total absolutamente normais. Talvez o colesterol não seja o verdadeiro problema”.

O autor prossegue: 
“Apesar da crença geral de que o colesterol elevado represente fator de risco para doença coronariana, diversos estudos populacionais independentes demonstraram que níveis baixos de colesterol total estão associados ao aumento da mortalidade geral e da mortalidade por eventos cardiovasculares, indicando que colesterol alto não é fator de risco para a população saudável”.

Trouxe esse tema para a coluna, caro leitor, para ilustrar a reviravolta na literatura sobre o colesterol. Cada vez mais pesquisadores de renome contestam a conduta de reduzir os níveis de colesterol com medicamentos. A argumentação é consistente: não está demonstrado que essa estratégia faça cair a mortalidade por doenças cardiovasculares em pessoas saudáveis de qualquer idade.